Questão Problema – Resposta

O Projeto Móbile na Metrópole é um projeto do 2º ano do Ensino Médio da Escola Móbile que busca analisar e explicar os chamados “conflitos urbanos” presentes em São Paulo. Esses conflitos seriam problemas estruturais presentes na nossa sociedade atual. Durante 3 dias, nós “viajamos” por São Paulo, afim de coletar dados sobre o nosso recorte temático, que é a questão do consumismo.

Dentre os vários problemas que fazem parte do grupo de conflitos urbanos da São Paulo das últimas décadas, um dos mais recorrentes é o problemas do consumismo, que, enraizado nas pessoas, as fazem agir de forma a priorizar seus interesses consumistas acima de, por exemplos, causas sociais.
As pessoas têm atitudes consumistas o tempo todo, como quando gastam grandes quantias de dinheiro em produtos para a aparência, como roupas de marca, que não valem tanto quanto elas pagam por eles. Esse tipo de pensamento individualista e consumista vem da Revolução Industrial, quando a busca por lucro e a rivalidade foram fundamentalmente estabelecidos na sociedade, ideais que seguem firmes até hoje.
Assim, as perguntas a serem feitas são: como as diferentes classes lidam com a questão do consumo? Seria possível fugir dos vícios consumistas que marcam a nossa sociedade atual?

A Revolução Industrial foi um processo que levou uma sociedade majoritariamente rural, com apenas pequenas manufaturas na cidade, a uma sociedade urbana, frenética, veloz, com grandes indústrias com centenas de operários. Esse evento marcou o inicio do consumismo desenfreado. Foi a partir da Revolução Industrial que a indústria cria a demanda, e não as pessoas. Quando a indústria começou a incitar o consumo e criar tendências, as pessoas começaram a trabalhar para conseguir consumir, buscando o que estava na “moda”. A questão da qualidade do produto foi ficando em segundo plano. As pessoas agora se definiam por o que tinham e sempre buscavam ter mais coisas. O consumismo havia se instaurado.

Tendo como base esse ideais da Revolução Industrial e os dados coletados de diferentes fontes, pode-se ver que as classes que mais se interessam em consumir e que realmente se importam com a questão do consumo como uma espécie de base ou como algo que define a própria pessoa são as classe média-baixa, média-média e média-alta, entre as classes C e B, classes que estariam e ascensão. As pessoas dessas classes, em geral, compravam coisas pensando nas marcas e, quando perguntadas sobre seus desejos atuais, muitas vezes respondiam com bens materiais, como dinheiro ou um carro novo.
Já as classes mais baixas, quando feitas as mesmas perguntas, sempre respondiam que a coisa mais importante em um produto é a qualidade, e não a marca. O desejo delas também não era de cunho material, tendo muitas delas desejando saúde ou mais tempo livre.
Isso se repetiu em parte com a classe A. Eles não eram tão preocupados em consumir e não compravam por marca, mesmo comprando produtos mais caros, pois diziam ser puramente pela qualidade. Quando perguntados sobre o que desejavam, uma grande parcela também respondeu saúde.
Assim, conclui-se que, atualmente, as classes médias são as que mais se preocupam em consumir e em ostentarem certas marcas, enquanto as outras classes, mais baixas e mais altas, se preocupam mais com a qualidade dos produtos, mesmo que as mais altas comprem produtos mais caros, pois elas, diferentemente das médias, estão buscando nesses produtos a qualidade, e não uma marca para poderem exibir.

Em relação a maneiras de escapar dos vícios consumistas de hoje, existem modelos de sociedade alternativa que tem esse propósito, como por exemplo a Comunidade Solaris, que baseiam seu modo de vida em outro princípios que não o capitalismo, o consumismo e o extrativismo. Essas comunidades muitas vezes tem um sistema de produção para subsistência, e se vale de cargos rotativos, de modo que ninguém fique fixo a uma tarefa ruim, todos revezam.
Outro saída, ou pelo menos refúgio, é o Anarquismo, sendo a Casa Mafalda um exemplo visto em viagem. Os integrantes da casa a usavam como uma forma de escapar da sociedade capitalista que vivem no lado de fora. Nela, os integrantes agem usando os preceitos do anarquismo, não havendo uma hierarquia, ou seja, ninguém manda em ninguém, todos são responsáveis por o que fazem e, assim como nas comunidades alternativas, há uma rotação de cargos.

Entretanto, essa duas opções podem ser consideradas difíceis de serem realizadas, já que a primeira exige uma mudança completa na vida da pessoa e a segunda exige um comprometimento com o movimento. Além disso, outros movimentos com o mesmo propósito de viver fora do capitalismo já existiram no passado, porém falharam. Esse é o caso dos Falanstérios, idealizados pelo pensador francês Charles Fourier. Em teoria, no Falanstério, todos trabalhariam de acordo com sua vocação e desejo, havendo, periodicamente, uma rotação de cargos para que os não desejados porém necessários fossem exercídos. Um Falanstério deveria conter no máximo 1600 pessoas distribuídas na área rural e urbana. O modelo não se sustentou por muito tempo, pois seu rápido crescimento atraiu pessoas não comprometidas, que prejudicaram a organização, levando à sua extinção.

Portanto, pode-se concluir que, na sociedade atual, usando como exemplo São Paulo, o consumismo está estabelecido de forma que as classes mais consumistas e mais preocupadas em consumir são as classes médias, e que existem mediadas para escapar do consumismo, mas que podem ser consideradas extremas para muitos, além de tentativas no passado já terem falhado.

Bibliografia:

http://comunidadesolaris.spaceblog.com.br/
http://casamafalda.org/casamafalda/politica-de-evento

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