Vídeo Final do Trabalho – Consumismo Desenfreado

Esse é o vídeo final do trabalho. É ele que apresenta uma resposta às questões postas pela questão problema, que serviu como uma referência durante o projeto e a viagem. Esse vídeo procura transformar o texto de resposta em um conteúdo audiovisual, no qual são retomados justificados os conceitos tratados ao longo do projeto.

Marcello Cascino, Pedro Ligabue, Eduardo Peres, Luca Farah e Rodrigo Tiferes

Questão Problema – Resposta (Reescrita)

O Projeto Móbile na Metrópole é um projeto do 2º ano do Ensino Médio da Escola Móbile que busca analisar e explicar os chamados “conflitos urbanos” presentes em São Paulo. Esses conflitos seriam problemas estruturais presentes na nossa sociedade atual. Durante 3 dias, nós “viajamos” por São Paulo, afim de coletar dados sobre o nosso recorte temático, que é a questão de como o consumismo está presente e nos influencia no dia a dia.
Dentre os vários problemas que podem ser definidos como “conflitos urbanos”, um dos mais recorrentes é o problemas do consumismo desenfreado, que, enraizado nas pessoas, as fazem agir de forma a priorizar seus interesses consumistas acima de, por exemplo, causas sociais como doações para caridades.
As pessoas têm atitudes consumistas o tempo todo, como por exemplo quando gastam grandes quantias de dinheiro em produtos para a aparência, como roupas de marca supervalorizadas. Esse tipo de pensamento individualista e consumista, antes restrito, foi intensificado com a Revolução Industrial, quando a busca por lucro e a rivalidade foram fundamentalmente estabelecidos na sociedade, ideais que seguem firmes até hoje.
Assim, as perguntas a serem feitas são: como as diferentes classes lidam com a questão do consumo? Quais seriam as maneiras de viver fora da sociedade consumista e quais são as dificuldades encontradas nesses estilos de vida?
A Revolução Industrial foi um processo ocorrido no século XVIII que transformou a sociedade européia. Antes da revolução, a Europa era majoritariamente rural contando apenas com algumas manufaturas pequenas na cidade. Essa área urabana era contituída principalmente por pequenos artesãos. Com a Revolução Industrial, no entanto, a sociedade européia se mecânizou e começou a se tornar frenética, com os artesãos sendo substituídos por indústrias de grande porte com centenas de operários. Foi esse evento que deu início ao consumismo desenfreado: a partir da Revolução Industrial, a demanda parou de vir dos consumidores e passou a ser introduzida neles pelas indústrias. E foi a partir de então que começou a chamada “moda”, que seria uma tendência que a sociedade obriga as pessoas a seguirem. A questão da qualidade e da necessidade foram foram ficando de lado. As pessoas agora se definiam por o que tinham e sempre buscavam possuir mais e mais. O consumismo havia se instaurado.
Tendo como base esses ideais da Revolução Industrial de consumismo, demanda e individualimo, além de dados coletados em entrevistas feitas durante a viagem, pode-se chegar às seguintes conclusões: As classes que mais carregam a ideia de que o consumo e a posse definem uma pessoa são as classes C e B, as quais então em ascensão, como mostra uma pesquisa do IBGE (http://goo.gl/5xaN5T). As pessoas desses classes, em geral, consumiam pensando na aceitação dos demais em relação ao produto, e não na utilidade que este teria para a pessoa em sí. Eles, quando perguntados sobre seus desejos de consumo, muitas vezes respondiam sobre bens materiais como um carro novo ou dinheiro.
Em contrapartida, as classes mais baixas, como E e D, mostraram, nas entrevistas, que compram produtos levando em consideração a qualidade deles, não a marca. O sonho de consumo dessas pessoas não era de cunho material e abordava muitas vezes assutos como a saúde e o tempo livre.
Isso se repetiu em parte com a classe A. Eles não mostraram tanta preocupação em consumir e não davam importância às marcas, mesmo comprando produtos mais caros, pois alegavam o fazer unicamente pela qualidade. Quando perguntados sobre o desejo de consumo, uma grande parcela também respondeu sobre a saúde.
Assim, conclui-se que, atualmente, as classes médias são as que mais se preocupam em consumir e em ostentar marcas caras, enquanto as outras classes, mais baixas e mais altas, se preocupam mais com a qualidade dos produtos, mesmo que as mais altas comprem produtos mais caros, pois elas, diferentemente das médias, estão buscando nesses produtos a qualidade, e não uma marca para poderem exibir.
Em relação a maneiras de escapar dos estilos de vida consumistas hoje, existem modelos de sociedade alternativa, como por exemplo a Comunidade Solaris, de Ilhéus (BA), que baseiam seu modo de vida em outro princípios que não o capitalismo, o consumismo e o extrativismo. Essas comunidades muitas vezes tem um sistema de produção para subsistência, e se vale de cargos rotativos, de modo que ninguém fique fixo a uma tarefa ruim, todos revezam.
Outro saída, ou pelo menos refúgio, é o Anarquismo, sendo a Casa Mafalda um exemplo visto em viagem. Os integrantes da casa a usam como uma forma de escapar da sociedade capitalista que vivem no lado de fora. Nela, eles agem usando os preceitos do anarquismo, não havendo uma hierarquia, ou seja, ninguém manda em niguém, todos são responsáveis por o que fazem e, assim como nas comunidades alternativas, há uma rotação de cargos.
No entanto, essas alternativas se tornam quase impraticáveis devido a diversas dificuldades. A primeira seria que o mundo exterior com que os alternativistas interagem, principalmente os da Casa Mafalda, é baseado no capitalismo e consumismo, influenciando negativamente os integrantes do movimento e, consequentemente, o próprio movimento. Outra dificuldade, agora de cunho individual, seria que, as pessoas veem no capitalismo uma zona de conforto da qual não querem sair. Desde que nascemos somos influenciados pelo modelo social predominante, o capitalismo, e se torna difícil adquirir um pensamento que fuja desses padrões. O mais convincente e acomodante a nós é seguir o caminho ao qual já somos direcionados ainda quando pequenos, e que nos é mostrado como uma trajetória de sucesso. Essa trajetória se baseia na formação acadêmica do indivíduo e no emprego, de forma que a vida da pessoa gira em torno do dinheiro e dos bens materiais.
Além disso, outros movimentos com o mesmo propósito de viver fora do capitalismo já existiram no passado e falharam. Esse é o caso dos Falanstérios, idealizados pelo pensador francês Charles Fourier, no início do século XIX. Em teoria, no Falanstério, todos trabalhariam de acordo com sua vocação e desejo, havendo, periodicamente, no entanto, uma rotação de cargos para que as atividades não desejadas, porém necessárias, fossem exercídas. Um Falanstério deveria conter no máximo 1600 pessoas distribuídas entre a área rural e a urbana. O modelo não se sustentou por muito tempo, pois seu rápido crescimento atraiu pessoas não comprometidas, que prejudicaram a organização, levando à sua extinção.
Portanto, pode-se concluir que, na sociedade atual, usando como exemplo São Paulo, o consumismo está estabelecido de forma que as classes mais consumistas e mais preocupadas em consumir são as classes médias, e que existem medidas para escapar do consumismo, mas que podem ser consideradas extremas para muitos, além de tentativas no passado já terem falhado.

Bibliografia:
https://www.youtube.com/watch?v=HIWPZmya4JE#t=35
http://comunidadesolaris.spaceblog.com.br/
http://casamafalda.org/casamafalda/politica-de-eventos/
http://tebloga.wordpress.com/2010/12/22/ibge-de-2002-a-2010-consumo-da-classe-c-ficou-7-vezes-maior/

O consumismo se sobrepondo às necessidades básicas

Há alguns anos, minha família comprou uma casa em Campos do Jordão. Porém a casa não fica na cidade, e sim no meio da floresta. Precisamente 20 km depois da cidade. Ao olhar em volta, não se pode perceber qualquer sinal de civilização a não ser pela casa do caseiro, que morou naquele isolamento praticamente a vida inteira. Quando nós tivemos a ideia de construir a casa, a família do caseiro não possuía TV, rádio, fogão a gás, geladeira ou nem mesmo qualquer tipo de telefone. Foi quando eles começaram a receber salário que apareceram esses tipos de bens.
Na cabeça dos meus pais, logicamente a família do caseiro ia, com o primeiro salário que recebessem, comprar urgentemente um fogão a gás, uma geladeira grande o suficiente para os 3 filhos etc. Porém não foi isso que aconteceu. Lembro-me bem de um dia entrar na casa e notar que o fogão era a lenha, havia uma geladeira completamente enferrujada e o chão, de madeira, todo furado por cupins. Enfim, mesmo tendo recebido dinheiro, eles não haviam melhorado em quase nenhum aspecto esses componentes básicos. Porém, o celular que a mãe usava, agora com frequência, era um smartphone (que na época não estava tão popularizado), a televisão widescreen e eles possuíam uma enorme antena no teto da casa. Além disso, já havia rádios e um videogame na casa. Ou seja, a primeira coisa que faz uma família com necessidades básicas, assim que ganha dinheiro, é em gastar em objetos de entretenimento e de pouca relevância para a qualidade de vida. Isso demonstra como o vício no consumo está  implantado nas pessoas. Tanto que, nem mesmo em uma situação urgente de falta de bens necessários a qualquer um, a necessidade vence a vontade de consumir.

Show de Truman

Caro leitor, hoje venho aqui escrever sobre o filme “O Show de Truman”. Uma interpretação diferente que não foca no personagem de Jim Carrey, e sim no diretor e criador do programa. Eu percebi, observando a personagem, que há um vínculo muito interessante do filme com a nossa questão problema. O diretor é homem que tem a ideia de criar uma pessoa dentro de um enorme estúdio que é a cidade onde Truman mora e onde sempre viveu sem sequer sair dela. O ponto de contato entre o filme e a nossa questão problema é justamente esse: o criador do programa teve a ideia e a coragem de manipular completamente a vida de uma pessoa normal para criar um programa de TV de sucesso. O diretor chega até mesmo a quase acabar com a vida do Truman para impedí-lo de sair do estúdio e dar fim ao programa. Ele mexe com as mais fortes emoções de Truman quando decide “matar” seu pai e depois fazê-lo aparecer de novo. E tudo isso para aumentar a audiência do programa. Até mesmo o melhor amigo de Truman é parte da farsa. Ou seja, o criador é capaz de praticamente acabar com a vida de uma pessoa para garantir seu sucesso financeiro. E o pior de tudo é que milhares de pessoas assistem e acompanham constantemente ao programa sem culpa alguma.

Um trecho do filme que exemplifica a ideia do texto: https://www.youtube.com/watch?v=IDLKfeNFrbY

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