Questão Problema – Resposta (Reescrita)

O Projeto Móbile na Metrópole é um projeto do 2º ano do Ensino Médio da Escola Móbile que busca analisar e explicar os chamados “conflitos urbanos” presentes em São Paulo. Esses conflitos seriam problemas estruturais presentes na nossa sociedade atual. Durante 3 dias, nós “viajamos” por São Paulo, afim de coletar dados sobre o nosso recorte temático, que é a questão de como o consumismo está presente e nos influencia no dia a dia.
Dentre os vários problemas que podem ser definidos como “conflitos urbanos”, um dos mais recorrentes é o problemas do consumismo desenfreado, que, enraizado nas pessoas, as fazem agir de forma a priorizar seus interesses consumistas acima de, por exemplo, causas sociais como doações para caridades.
As pessoas têm atitudes consumistas o tempo todo, como por exemplo quando gastam grandes quantias de dinheiro em produtos para a aparência, como roupas de marca supervalorizadas. Esse tipo de pensamento individualista e consumista, antes restrito, foi intensificado com a Revolução Industrial, quando a busca por lucro e a rivalidade foram fundamentalmente estabelecidos na sociedade, ideais que seguem firmes até hoje.
Assim, as perguntas a serem feitas são: como as diferentes classes lidam com a questão do consumo? Quais seriam as maneiras de viver fora da sociedade consumista e quais são as dificuldades encontradas nesses estilos de vida?
A Revolução Industrial foi um processo ocorrido no século XVIII que transformou a sociedade européia. Antes da revolução, a Europa era majoritariamente rural contando apenas com algumas manufaturas pequenas na cidade. Essa área urabana era contituída principalmente por pequenos artesãos. Com a Revolução Industrial, no entanto, a sociedade européia se mecânizou e começou a se tornar frenética, com os artesãos sendo substituídos por indústrias de grande porte com centenas de operários. Foi esse evento que deu início ao consumismo desenfreado: a partir da Revolução Industrial, a demanda parou de vir dos consumidores e passou a ser introduzida neles pelas indústrias. E foi a partir de então que começou a chamada “moda”, que seria uma tendência que a sociedade obriga as pessoas a seguirem. A questão da qualidade e da necessidade foram foram ficando de lado. As pessoas agora se definiam por o que tinham e sempre buscavam possuir mais e mais. O consumismo havia se instaurado.
Tendo como base esses ideais da Revolução Industrial de consumismo, demanda e individualimo, além de dados coletados em entrevistas feitas durante a viagem, pode-se chegar às seguintes conclusões: As classes que mais carregam a ideia de que o consumo e a posse definem uma pessoa são as classes C e B, as quais então em ascensão, como mostra uma pesquisa do IBGE (http://goo.gl/5xaN5T). As pessoas desses classes, em geral, consumiam pensando na aceitação dos demais em relação ao produto, e não na utilidade que este teria para a pessoa em sí. Eles, quando perguntados sobre seus desejos de consumo, muitas vezes respondiam sobre bens materiais como um carro novo ou dinheiro.
Em contrapartida, as classes mais baixas, como E e D, mostraram, nas entrevistas, que compram produtos levando em consideração a qualidade deles, não a marca. O sonho de consumo dessas pessoas não era de cunho material e abordava muitas vezes assutos como a saúde e o tempo livre.
Isso se repetiu em parte com a classe A. Eles não mostraram tanta preocupação em consumir e não davam importância às marcas, mesmo comprando produtos mais caros, pois alegavam o fazer unicamente pela qualidade. Quando perguntados sobre o desejo de consumo, uma grande parcela também respondeu sobre a saúde.
Assim, conclui-se que, atualmente, as classes médias são as que mais se preocupam em consumir e em ostentar marcas caras, enquanto as outras classes, mais baixas e mais altas, se preocupam mais com a qualidade dos produtos, mesmo que as mais altas comprem produtos mais caros, pois elas, diferentemente das médias, estão buscando nesses produtos a qualidade, e não uma marca para poderem exibir.
Em relação a maneiras de escapar dos estilos de vida consumistas hoje, existem modelos de sociedade alternativa, como por exemplo a Comunidade Solaris, de Ilhéus (BA), que baseiam seu modo de vida em outro princípios que não o capitalismo, o consumismo e o extrativismo. Essas comunidades muitas vezes tem um sistema de produção para subsistência, e se vale de cargos rotativos, de modo que ninguém fique fixo a uma tarefa ruim, todos revezam.
Outro saída, ou pelo menos refúgio, é o Anarquismo, sendo a Casa Mafalda um exemplo visto em viagem. Os integrantes da casa a usam como uma forma de escapar da sociedade capitalista que vivem no lado de fora. Nela, eles agem usando os preceitos do anarquismo, não havendo uma hierarquia, ou seja, ninguém manda em niguém, todos são responsáveis por o que fazem e, assim como nas comunidades alternativas, há uma rotação de cargos.
No entanto, essas alternativas se tornam quase impraticáveis devido a diversas dificuldades. A primeira seria que o mundo exterior com que os alternativistas interagem, principalmente os da Casa Mafalda, é baseado no capitalismo e consumismo, influenciando negativamente os integrantes do movimento e, consequentemente, o próprio movimento. Outra dificuldade, agora de cunho individual, seria que, as pessoas veem no capitalismo uma zona de conforto da qual não querem sair. Desde que nascemos somos influenciados pelo modelo social predominante, o capitalismo, e se torna difícil adquirir um pensamento que fuja desses padrões. O mais convincente e acomodante a nós é seguir o caminho ao qual já somos direcionados ainda quando pequenos, e que nos é mostrado como uma trajetória de sucesso. Essa trajetória se baseia na formação acadêmica do indivíduo e no emprego, de forma que a vida da pessoa gira em torno do dinheiro e dos bens materiais.
Além disso, outros movimentos com o mesmo propósito de viver fora do capitalismo já existiram no passado e falharam. Esse é o caso dos Falanstérios, idealizados pelo pensador francês Charles Fourier, no início do século XIX. Em teoria, no Falanstério, todos trabalhariam de acordo com sua vocação e desejo, havendo, periodicamente, no entanto, uma rotação de cargos para que as atividades não desejadas, porém necessárias, fossem exercídas. Um Falanstério deveria conter no máximo 1600 pessoas distribuídas entre a área rural e a urbana. O modelo não se sustentou por muito tempo, pois seu rápido crescimento atraiu pessoas não comprometidas, que prejudicaram a organização, levando à sua extinção.
Portanto, pode-se concluir que, na sociedade atual, usando como exemplo São Paulo, o consumismo está estabelecido de forma que as classes mais consumistas e mais preocupadas em consumir são as classes médias, e que existem medidas para escapar do consumismo, mas que podem ser consideradas extremas para muitos, além de tentativas no passado já terem falhado.

Bibliografia:
https://www.youtube.com/watch?v=HIWPZmya4JE#t=35
http://comunidadesolaris.spaceblog.com.br/
http://casamafalda.org/casamafalda/politica-de-eventos/
http://tebloga.wordpress.com/2010/12/22/ibge-de-2002-a-2010-consumo-da-classe-c-ficou-7-vezes-maior/

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